Eu, a pseudo escritora desse blog, já sou mãe de uma garota linda, que está no auge dos seus 2 anos, chamada Stela. Dia desses, soltei um dos incômodos com a maternidade em uma roda de amigos: eu não gosto de brincar com minha filha! E para minha surpresa, outra mãe falou: também não gosto e tá tudo certo.
Isso ficou na minha mente, levei o tema para minha psicóloga, que me acolheu e perguntou do que eu gostava de brincar quando era criança. Me dei conta que me lembrava de poucas coisas da infância, quase nada. Foi aí que ela pediu pra levar ao consultório uma foto que representava minha infância. Todos as fotos que procurei haviam:
1.Uma bebê/criança branquela
- Quintal das minhas avós
- Flores
Minhas avós tinham quintais impecáveis, cada uma no seu estilo. Minha avó Carlota tinha roseiras do tamanho da casa dela, onde as rosas floresciam tão no alto que não dava nem para admirá-las. Mas quando elas morriam e as pétalas caiam. Era uma chuva de pétalas rosas vindo do céu. Ela gostava de flores azuis que, muito católica, insistia ser uma graça de Maria.
Minha avó Naide tinha uma coleção de plantas que mais pareciam obras de arte. Primeiro as samambaias de metro, precursoras das paredes verdes. Me lembro que muitas noivas, antes do casamento, iam tirar fotos atrás das belas samambaias. Mas o espetáculo vinha com as Amarilis, minha avó plantava os bulbos que se transformavam naquela cor entre o vermelho e verde.
Quando vi as fotos lembrei das brincadeiras, das tardes de sábado no quintal das minhas avós com minhas primas, dos bolinhos de terra temperados com pétalas de flores. Brincávamos de fazer pedidos sempre que pegávamos no ar pétalas de rosas que caíam das roseiras de mais de 2 metros de altura.
Nesse dia dos avós, depois de bons 30 e poucos anos dessas histórias, eu criei um buquê, sem amarilis mas com lírios vermelhos, com samambaias, celosia (flor muito famosa em vários quintais de casas estilo anos 80) para comemorar essa data.
Nossa edição é limitada, mas espero ser um luxo entregar para seus avós um pedacinho do quintal de vó, das memórias de infância devidamente destravadas para que nós, adultos, possamos brincar com nossas crianças, nossos pais e nossas lembranças.